De certo desde o apito inicial, era que o Brasil partiria para cima, buscando sufocar a saída de bola espanhola. Assim, poderia encontrar boas jogadas na área adversária. Foi o que aconteceu e, logo no primeiro minuto, o grito do torcedor ecoou no Maracanã. Hulk cruzou na direita, Neymar se livrou da marcação e bola sobrou para Fred, que mandou para as redes sentado no chão. Gol de centroavante, 1 a 0 para a canarinho.
Aos 15 minutos da primeira etapa, o Brasil desmistificava a supremacia da Fúria na posse de bola: 56 % a favor da equipe de Luiz Felipe Scolari. A esquadra espanhola não conseguia distribuir toques em sequência, barrados pela boa marcação dos brasileiros. Nas arquibancadas, gritos de "timinho" para os visitantes, "olés" e muitas vaias aos atuais campeões do mundo. Enquanto isso, o time da casa cheia insistiu em jogadas venenosas, especialmente com Fred, Neymar e Paulinho.
A Espanha aproveitou os raros espaços do esquema defensivo da seleção pentacampeã para chegar ao gol de Júlio César. Durante os primeiros 45 minutos, apenas dois levaram perigo à meta do camisa 12. Iniesta, aos 18, arriscou de fora da área e o goleiro mandou para escanteio. Em jogada articulada por Juan Mata, Pedro recebeu lançamento aos 40 e chutou rasteiro, na saída de Júlio. Quando o gol parecia claro, surgiu David Luiz e afastou a bola.
Em dia de correr atrás da bola, e não de tê-la, os espanhóis somaram lances faltosos e o clima entre as equipes ficou hostil durante alguns momentos. Amarelaram Arbeloa e Sergio Ramos, ambos por faltas sobre atacantes brasileiros. Aos 43, não conseguiram parar o destaque verde-amarelo. Neymar tabelou com Oscar e carimbou um balaço, sem qualquer chance para Iker Casillas: Brasil foi ao intervalo carimbando o possível favoritismo espanhol com um 2 a 0.
O segundo tempo começou com um repeteco. No primeiro minuto, gol da seleção brasileira. Hulk, desta vez pela esquerda, abre para Neymar, que deixou passar, e a bola sobrou para a Fred ampliar o marcador: 3 a 0. Era decretada, ali, uma noite de Espanha desestabilizada em campo. As jogadas de meio campo da Fúria não encontravam rumo e nem no lance mais claro uma finalização era concretizada.
Surgiu a chance de reação europeia no jogo em cobrança de pênalti. Marcelo derrubou Jesus Navas dentro da área, aos 8. Candidato a melhor jogador da Copa das Confederações, Sergio Ramos desperdiçou a cobrança, mandando pelo lado direito de Júlio César. Depois da penalidade, a torcida desembestou a cantar: "é campeão! É campeão". A festa no Maracanã não baixou de volume em um minuto sequer.
Até em lance de expulsão, o público não perdeu a chance de tirar brincadeiras com o adversário. Neymar puxou contra-ataque veloz, numa bela jogada, quando foi derrubado pelo Piqué. Aos 22, o zagueiro do Barcelona levou cartão vermelho pela entrada violenta sobre o companheiro de clube. Imediatamente, a torcida passou a gritar o nome da cantora Shakira, esposa do defensor espanhol.
O Brasil sustentou durante os noventa minutos a disciplina tática, determinação e bom aproveitamento nos contra-ataques. Mas, principalmente, o volume de jogo sobre a Espanha, que não conseguiu se desvencilhar da intensa marcação. Quando chegava a incomodar na área brasileira, Júlio César e David Luiz foram seguros e destaques defensivos.
Aos 34, o atacante Fred - autor de dois gols - foi ovacionado na saída de campo. O artilheiro da Copa das Confederações, ao lado de Fernando Torres, saiu para a entrada de Jô. E teve seu nome gritado por todo o estádio Maracanã. Gratidão pela boa exibição da seleção num dos palcos mais tradicionais da história do futebol. Combustível essencial para a Copa do Mundo 2014, que não tarda a chegar.
FONTE: ESPN