Todas as sociedades, ao longo dos tempos, tentaram definir as relações do homem e da mulher, como casal e dentro das estruturas sociais existentes. Para isso, atribuíram a cada um determinado lugar, que varia sensivelmente de acordo com os costumes e as tradições de cada povo.
A conexão entre as mulheres e a Terra tem história. Desde o período Paleolítico, as mulheres são associadas à fertilidade pelo claro fato de darem à luz novas vidas. Assim, quando são encontradas esculturas como a Vênus de Willendorf (datada de 35.000 anos antes da era cristã), sabemos que a fertilidade da mulher era algo praticamente sagrado para os nossos ancestrais. A humanidade demorou para perceber que o homem tinha um papel na concepção, e por muito tempo acreditou-se que a gravidez era ocasional, ou senão, fruto apenas do misterioso corpo da mulher.
Nos mitos e na história dos celtas são os freqüentes relatos sobre mulheres ruivas, altas, tão lindas quanto valentes, urrando gritos de guerras num campo de batalha, bradando suas próprias espadas ao lado de e contra homens tão fortes quanto elas.
O fato de elas lutarem como guerreiras não anulava a beleza e menos ainda a feminilidade da mulher celta. Ser guerreira era algo nobre, mas não impedia que esta mesma mulher fosse também sensual ou mãe, pelo contrário, a força e a delicadeza aliadas eram exatamente o seu diferencial, eram as características que faziam dela uma pessoa segura, intrépida e apaixonante.
Aos poucos a mulher foi sendo comparada à tudo na Natureza que dava vida. A Terra, como a Deusa, tinha como sua representante humana a mulher. Nada de mais nessa comparação: se algum “ser divino” tinha o poder de criar novas vidas, obviamente deveria ser mulher, já que as fêmeas ficavam grávidas e davam à luz. Para os povos antigos, isso era muito claro e não havia problemas nessa visão. A conexão entre as mulheres e a Terra era óbvia para eles.
Na sociedade Celta, são atribuídas à mulher três funções: ela é a Transformadora, a Iniciadora e a Finalizadora.
Transformar: a vida, dando à luz e dando prazer a si e ao seu companheiro; Iniciar: nas artes divinatórias, nas práticas sexuais e por fim ser a Finalizadora: a que faz chegar ao prazer e a que conduz ao outro mundo.
Um conceito marcante e recorrente na cultura celta é a relação intrínseca entre a soberania da Terra representada pela rainha de um povo. Quando os soldados romanos humilharam Boudicca e suas filhas, não era somente a honra delas que estava sendo duramente ferida, mas a honra de cada Iceni. Agredir física ou moralmente uma rainha era o mesmo que manchar a soberania da Terra.
Markale resume e define a mulher celta e a sua sexualidade desta forma: "Se a mulher ocidental moderna não é livre, Isolda, Grainné e Deirdré eram mulheres livres. A mulher celta era livre porque agia com plena consciência de suas responsabilidades. E sendo livres eram capazes de amar, pois o amor era um sentimento que escapava a todas as contrariedades e a todas as leis surgidas da razão, sendo livres podiam amar."
Estas eram razões mais que suficientes (entre outras...)para o catolicismo não aceitar a religião celta, pois sendo uma religião descendente do tronco Judaico colocava a mulher como algo inferior, responsabilizando-a pela queda do homem, pela perda do paraíso. Na realidade o lado esotérico da religião hebraica baniu o elemento feminino já desde a própria Trindade. Todas as Trindades das religiões antigas continham um lado feminino, à exceção da hebraica.
Entre os principais livros do Gnosticismo dos primeiros séculos, conforme consta nos achados arqueológicos da Biblioteca de Nag Hammadi consta o Evangelho de Maria Madalena mostrando que os evangelistas não foram apenas pessoas do sexo masculino.
Sabe-se que o papel de subalternidade do lado feminino dentro do Cristianismo foi oficializado a partir do I Concilio de Nicéia no ano 325. Aquele concílio, entre outras intenções visou o banimento da mulher dos atos litúrgicos da igreja. Ela só podia participar numa condição de subserviência.
É fácil compreender a confiança que os celtas depositavam em suas guerreiras ao sabermos que muitas das deidades ligadas à guerra são femininas. A mais conhecida com certeza é deusa Morrighan, ou a Grande Rainha. Podemos afirmar que muito mais do que uma deusa protetora de guerreiros e guerreiras, Morrighan era sua musa inspiradora. Isso soa um pouco estranho para nós, acostumados apenas com musas inspiradoras da arte, da música e da literatura.
Na sociedade celta existiam as sacerdotisas que exerciam um papel mais relevante que a dos bruxos e magos. Naturalmente os celtas eram muito apegados à fertilidade, ao crescimento da família e ao aumento da produção dos animais domésticos e dos campos de produção e isto estava ligado diretamente ao lado feminino da natureza. Também a mulher é mais sensitiva do que o homem no que diz respeito às manifestações do sobrenatural, do lado sagrado da vida, portanto é obvio que elas canalizassem mais facilmente a energia nos cerimoniais, que fossem melhores intermediárias nas cerimônias sagradas.
Sabemos que foi através da Mulher que os povos Celtas se organizaram. Algumas mulheres, sentindo em si mesmas o Espírito dos seus Ancestrais e dos Deuses divulgaram essa Mensagem tornando-se Voluspas. Leitora do Oráculo e seu eco místico, a Mulher tornou-se legisladora e, com isso, poderosa: a voz da Voluspa era a voz Divina que vinha do ventre da Terra e ecoava por todo o sistema cósmico.
"Jamais permitas que algum homem a escravize, nasceste livre para amar e não para ser escrava.
Jamais permitas que teu coração sofra em nome do amor. Amar é um ato de felicidade, por quê sofrer? Jamais permitas que teus olhos derramem lágrimas por alguém que jamais fará você sorrir!Jamais permitas que o uso do teu próprio corpo seja cerceado.O corpo é moradia do espírito, por quê mantê-lo aprisionado?
Jamais te permitas ficar horas esperando por alguém que jamais virá, mesmo tendo prometido. Jamais permitas que teu nome seja pronunciado em vão por um homem cujo nome tu sequer sabes!
Jamais permitas que teu tempo, corpo e coração seja desperdiçado por alguém que nunca terá tempo para ti.
Jamais permitas ouvir gritos em teu ouvido. O Amor é o único que pode falar mais alto!
Jamais permitas que paixões desenfreadas te transportem de um mundo real para outro que nunca existiu. Jamais permitas que os outros sonhos se misturem aos seus, fazendo-os virar um grande pesadelo.
Jamais acredites que alguém possa voltar quando nunca esteve presente. Jamais permitas que teu útero gere um filho que nunca terá um pai. Jamais permitas viver na dependência de um homem como se tu tivesses nascido inválida. Jamais permitas que a dor, a tristeza, a solidão, o ódio, o ressentimento, o ciúme, o remorso e tudo aquilo que possa tirar os brilho de teus olhos a dominem, fazendo arrefecer a força que existe dentro de ti. E, sobretudo, jamais permita-se perder a dignidade de ser mulher!"
Conta a lenda que um velho sábio, tido como mestre da paciência, era capaz de derrotar qualquer adversário.
Certo dia... um homem conhecido por sua falta de escrúpulos apareceu com a intenção de tirá-lo de sua tranqüilidade.
O velho aceitou o desafio e o homem começou a insultá-lo. Chegou ao ponto de arremessar pedras em sua direção, cuspiu e o insultou com palavrões. Durante horas fez tudo para afetar a sua serenidade, mas o velho senhor permaneceu impassível.
No final da tarde, sentindo-se o agressor já exausto e humilhado, se deu por derrotado e retirou-se de sua frente.
Impressionados com o que acabavam de presenciar, os alunos perguntaram-lhe como ele pudera suportar com tranqüilidade à tantas ofensas.
Em resposta ele lhes perguntou:
- Se alguém chegar até vocês com um presente, e vocês não o aceitarem, a quem pertence o presente?
- A quem tentou ofertá-lo. Respondeu-lhe um dos ouvintes.
Então, sendo assim, poderemos considerar que essa decisão vale, também, para a inveja, a raiva e para os insultos. Quando não aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava junto consigo. A nossa paz interior depende exclusivamente de nós.
"Para a Religião Antiga um Princípio Criador, que não tem nome e está além de todas as definições. Desse princípio, surgiram as duas grandes polaridades, que deram origem ao Universo e a todas as formas de vida." "Todas as Deusas são uma só Deusa, todos os Deuses são um só Deus."
Era uma vez...
Em um tempo muito, muito distante, quando a Deusa caminhava sobre a Terra e todas as coisas eram sagradas...
Nas noites encantadas,surgia em meio a floresta misteriosa um velhinho exausto e tremulo e a Deusa em sua face Anciã, o tomava em seus braços, se balançando em sua cadeira o embalava, cantando..., cantando...
E pela manhã ele saltava de seus braços, agora já uma criança radiante e se alçava aos céus para raiar o dia.
Ele é a Criança Solar, Ela é a Mãe de todas as coisas...
Enquanto a Deusa presida a pulsação vital constante do Universo, é imprescindível que entendamos o papel do Deus. Ela é a Senhora da Vida, mas Ele é o Portador da Luz; Ela é o ventre, Ele o falo ereto; Ela gera a vida, Ele é a faísca que inicia o processo, em plena harmonia, sem predomínios nem competições, mas pela completa união. Ambos parceiros no desenrolar da música e dança que criam e recriam o universo ainda hoje. Na Primavera Ela é a Donzela, Ele o Deus Azul do Amor...
No verão ela é a Mãe, grávida, ele o Galhudo, o Deus da Vegetação e dos Animais, Cernnunnos. No outono ele desce para o Mundo Subterrâneo, como o Deus Negro do Mundo Inferior, do sacrifício e da Morte e Ela a Anciã que abre os portais e o acolhe durante sua transmutação. No inverno ele renasce do próprio ventre escuro da Deusa, que quase torna, assim, a um só tempo, sua consorte e sua mãe. Conectar-se diretamente com o Deus é de suma importância no resgate de qualidades humanas esquecidas no tempo. A exemplo da importância do número 3, o Deus também apresenta seu tríplice aspecto, cada qual com sua importância em relação à formação do homem social.
O Cornífero
Freqüentemente chamado de o Doador da Vida, Mestre da Morte e Ressurreição, Deus das Sementes, Deus da Fertilidade.
Deus Cornífero é um termo moderno, criado para descrever numerosas divindades masculinas . Essas divindades incluem, por exemplo, o celta Cernunnos, o gaélico Caerwiden A mais antiga imagem conhecida do Deus Cornífero é aquela do Deus com chifres de cervo ou alce, o Senhor das Florestas. Com o passar do tempo, à medida que a humanidade se tornava sedentária, passando da fase coletora para o desenvolvimento de uma agricultura e a domesticação de animais, surgem as imagens do Deus com chifres de touro e de bode. Em todo caso, todas essas imagens o representam como o Deus portador da renovação e da virilidade.
Durante a expansão do cristianismo, cristãos adotaram a imagem do Deus Cornífero para a representação do seu diabo, cuja descrição física incluía os pés de animal e os chifres. Com essa atitude, a Igreja Cristã tentava demonstrar ao pagão que sua fé no paganismo era ruim, má. Porem, o diabo é a representação do Mal Absoluto, enquanto o Deus Cornífero não é visto dessa forma. O Cornífero é uma força da natureza, não completamente beneficente ou maleficente. No seu papel de Pai, Ele dá a vida. Já em sua morfologia de Caçador, Ele a toma, em forma de sacrifício necessário para a continuidade da raça.
Os primeiros clãs humanos sobreviveram graças, em grande parte aos caçadores e guerreiros. Caçava-se o gamo, que fornecia o alimento, agasalho e instrumentos confeccionados com chifres e cascos. O alce de tornou um símbolo de previsões, e na sua natureza de líder e protetor da amada, os caçadores primitivos identificaram algo próprio do clã. A rivalidade entre os machos pelas fêmeas, era, em muitos aspectos, simbólica das paixões com que os próprios homens lutavam. Resgatar a face conífera do Deus é um resgate dos Mistérios Masculinos.
Já escrevia o grande mitólogo Joseph Campbell em seu trabalho “Primitive Mythology”:
“Para os primitivos povos caçadores, os animais selvagens eram manifestações do desconhecido. A fonte de perigo e sobrevivência foi associada psicologicamente à tarefa de compartilhar o mundo silvestre com esses seres. Ocorreu uma identificação inconsciente, que se manifestou nos místicos totens meio humanos, meio animais das antigas tribos. Os animais tornaram-se tutores da humanidade. Por meio de imitações, as naturezas separadas de humanos e animais foram derrubadas e criou-se a União. O mesmo é verdade acerca das posteriores comunidades agrícolas, que viram os ciclos de vida e morte dos humanos refletidos nos ciclos das colheitas”.
O Green Man
O Homem Verde, na mitologia céltica tinha os mesmos atributos de Cernunnos, sendo igualmente uma divindade que habitava as florestas. Deus dos bosques e animais, da renovação e da primavera, é representado por um homem com rosto de folhas verdes.
Green Man aparece em inúmeras igrejas góticas e castelos. Imagens semelhantes, misturando um semi-rosto humano com formas vegetais e folhas, ocorrem em muitas culturas.
Quando adentramos nas sombras da floresta mística, encontramos um rosto que olha fixamente para nós: o Green Man, mascarado com folhagens e galhos que formam seu rosto e saem de sua boca. O Green Man é um símbolo pré-cristão encontrado gravado na madeira e na pedra de templos e sepulturas pagãs, de igrejas e de catedrais medievais, e usado como ícone arquitetural da era Vitoriana, em uma área que se estende da Irlanda até o Leste da Rússia. Embora encontrado geralmente como um antigo símbolo celta, na verdade, suas origens e o significado original são encobertos no mistério. O nome data de 1939, quando a senhora Raglan (folclorista) encontra uma conexão entre as caras folhadas das igrejas inglesas e os contos do homem verde (ou “Jack, o verde”) do folclore irlandês.
Na mitologia céltica é o Deus da fertilidade, animais, amor físico, natureza, bosques, riqueza, comércio e dos guerreiros. Seu nome é pronunciado como se tivesse um "k": Kernunnos. Comumente representado por um homem sentado na posição de lótus, cabelo comprido e encaracolado, de barba, nu, usando apenas um torque (colar celta) no pescoço ou ainda por um homem de chifres, erroneamente comparado ao diabo cristão. Seus símbolos eram o veado, o carneiro, o touro e a serpente.
Ele é o Mestre da Colheita e de toda a Natureza cultivada. Está relacionado aos grãos e ao desenvolvimento da agricultura. É o dominador da vida e do crescimento das plantas. Ele é nossa parcela do sátiro que nos traz alegria, a felicidade. Esta associado aos excessos e ao êxtase provocado pelo vinho, tão sagrado pelas culturas primitivas.
O Deus assume vários papeis, principalmente o de Filho, e Amante da Deusa.
Diversas deidades ao longo da história humana representaram bem as características do Green Man.
Ele eventualmente tornou-se o popular deus do vinho e da alegria, e milagres do vinho eram reputadamente representados em certos festivais de teatro em sua homenagem. Dionísio também é caracterizado como uma divindade cujos mistérios inspiram a adoração ao êxtase e o culto às orgias. Estas celebrações frenéticas, que provavelmente se originaram com festivais primaveris, ocasionalmente, traziam libertinagem e intoxicações. Essa foi uma forma de adoração pela qual Dionísio tornou-se popular no séc. 11 a.C., na Itália, onde os mistérios dionisíacos eram chamados de Bacanália e, posteriormente, bacanais (os quais hoje, são sinônimo de orgias). As indulgências das Bacanálias se tornaram extremas e as celebrações foram proibidas pelo Senado romano em 186 a.C. Entretanto, no séc. I d.C., os mistérios dionisíacos eram ainda populares. Sileno: O sátiro Sileno era um seguidor fiel de Dionísio. Gordo, feio e beberrão, Sileno era extremamente sábio e passou grande parte de sua sabedoria ao deus. Nos festejos, costumava estar bêbado demais e recebia ajuda de alguns sátiros, ou seguia no lombo de um asno. Seus homônimos, os silenos, eram seres com aspectos de sátiros.
O Ancião
O Ancião é a ultima das faces do Deus e personifica a fonte máxima do conhecimento. É o senhor da Magia e da Morte. É ele que conduz os espíritos dos homens a Summerland. Está relacionado ao princípios dos tempos quando tudo era “escuridão”. Conhece todos os segredos do Universo. Está relacionado ao renascimento e à ligação com os outros mundos. É a face ancião que reverenciamos em Samhain.
Grande Deus, Senhor dos Céus e pai de todos os deuses e dos homens. Senhor da vida e da morte; deus da magia, da terra, do renascimento; mestre de todos os ofícios; senhor do conhecimento perfeito.
Possuía o caldeirão da abundância e da vida e uma harpa de carvalho vivo, que fazia com que as estações mudassem, quando assim o ordenasse.
Deus da proteção, dos guerreiros, do conhecimento, da magia, do fogo, da profecia, do tempo climático, do renascimento, das artes, da iniciação, do sol, das curas, da regeneração, da prosperidade, da abundância, da música e patrono dos sacerdotes.
Ele que é o Senhor de Dois Mundos, pois no ventre da Deusa (de volta), ele vive sua morte e a sua própria ressurreição.
Nessa época, com sua sabedoria infinita reconhecemos a importância da Morte como decorrência da vida. Segura em suas mãos o cajado, o elo de ligação entre a terra e o céu. Entre o sólido e o etéreo. Mede seus passos com o cuidado do conhecedor dos caminhos e de como podem ser traiçoeiros.
Devido ao aspecto idoso, é a personificação que representa o conhecimento de todos os mistérios que só a experiência pode proporcionais. É o Deus da Sabedoria, do bem e do mal não-absolutos. É a ele quem devemos recorrer e reverenciar nos momentos de dificuldade e anulação de qualquer tipo de malefício. Ele é o Deus da paz e do caos. Da harmonia e da desarmonia. O Ancião já passou pela jovialidade e energia do Cornífero, e pela maturidade, entusiasmo e força animal do Green Man. Acumulou toda a experiência que só o tempo pode proporcionar e distribuir a sabedoria por todo o mundo.
O Deus nos mostra os mistérios da morte e do resnacimento , o Deus é o oposto da deusa , como a luz e a escuridão . Sendo assim eles se completam .Na Religião Antiga, o Deus nasce da Grande Mãe, cresce, se torna adulto, apaixona-se pela Deusa Virgem, fazem amor; a Deusa fica grávida, o Deus morre no inverno (no fim dele) e renasce novamente, fechando o ciclo do renascimento, que coincide com os ciclos da natureza.
Para alguns, pode parecer meio incestuoso que o Deus seja filho e amante da Deusa, mas é preciso perceber o verdadeiro simbolismo do mito, pois do útero da Deusa todas as coisas vieram, e, para ele, tudo retornará.
Quando no curso de nosso caminho - e isso demora até anos (mas vaira muito de pessoa para pessoa) - está na hora do Deus voltar, a própria Deusa nos mostra seu Filho, Consorte, Defensor, Ancião. O Deus aparece, tríplice como a Deusa.
Como a Deusa, Ele está na fome e no fim da fome, na vida e na doença terminal, na luz e na sombra, no que é bom para você e no que é mau... A Deusa nunca está só, ela tem sua contraparte masculina e, no entanto, Ele só existe por amor a Ela... alias, todos nós somos fruto dessa dança de amor. O Deus é o Ancião sábio, o distribuidor da Justiça, seja a que se impõe com sabedoria ou raios... Ele conhece os segredos dos oráculos, mas sabe que são Dela... ele é o repositório do conhecimento, mas a sabedoria é Dela... ele lê os sinais da natureza, mas sabe que quem os escreve é Ela.
Mas o sentido profundo do simbolismo na Bruxaria só pode ser verdadeiramente entendido através da meditação e do contato intuitivo com a energia dos Deuses Ele que é Pai, Filho, Bebê Iluminado, Amante Selvagem, Sábio Educador. Ele, o Deus que se revela apenas pela Deusa.
Ouça as palavras do Grande Pai, que foi chamado de Osíris, Adonis, Zeus, Thor, Pan, Cernunnos, Herne, Lugh e muitos outros nomes. "Minha lei é harmonia com todas as coisas. Meu é o segredo que abre as portas do Portão da Vida e meu é o prato de sal que é a terra, o corpo de Cernunnos, o eterno ciclo de renascimento. Eu dou o conhecimento da vida eterna e além da morte eu dou a promessa de regeneração e renovação. Eu sou o sacrifício, o pai de todas as coisas e minha proteção cobre a terra." Ouça as palavras do Deus dançarino, a música de cuja risada agita o vento, de cuja voz chama as estações: "Eu sou o Senhor da Caça e o Poder da Luz, o Sol em meio às nuvens e o Segredo da Chama. Eu chamo por teu corpo a levantar-se e vir para mim. Pois eu sou o Espírito da Terra e de todos os seus seres. Por mim tudo deve morrer e comigo tudo renasce. Deixe meu culto se dar no corpo que canta, pois eis que todos os atos de sacrifício voluntário são meus rituais. Deixe haver desejo e medo, raiva e fraqueza, prazer e paz, temor e aspiração dentro de você. Pois ambos são parte dos mistérios achados dentro de ti e dentro de mim. Todos os começos têm finais e todos os finais têm começos."
Sou o fogo dentro do seu coração… O desejo de sua Alma. Sou o Caçador do Conhecimento e o Investigador da Indagação Sagrada Eu, que estou na escuridão da luz, . Sou Ela que você chama de Morte. Eu, o Consorte e Companheiro Dela que nós adoramos, Chamo-te diante de mim. Atenda ao meu chamado amado, Venha até mim e aprenda os segredos da morte e da paz. Sou o milho na colheita e a fruta nas árvores. Sou Ele que o conduz à casa. Açoite e chama, Lâmina e Sangue São meus e presenteio-te. Chame por mim na floresta selvagem e nos topos das montanhas e busque-me na Escuridão Luminosa. Eu, que tenho sido chamado de Pan, Herne, Osíris e Hades, Falo para ti e procuro por ti Venha, dance e cante; Venha vivo e sorria para observar. Esta é minha adoração. Vocês são minhas crianças e eu sou seu Pai. Em asas de noite rápidas sou eu que os ponho no colo da Mãe. Para renascere retornar novamente. Você, que pensa me busca1; saiba que sou o vento indomado, a fúria da tempestade e a paixão em sua Alma. Busque-me com orgulho e humildade, mas busque-me melhor com carinho e força, pois este é o meu caminho e não amo o fraco e o temeroso. Ouça meu chamado em longas noites de inverno E juntos guardaremos a Terra Dela enquanto Ela dorme.
Um dia, quando o mundo ainda era jovem, bem antes de se formar o solo de Midgard, uma bruxa chegou a Asgard. Seu nome era Gullveig, e ela tinha um ardente desejo por ouro. Não falava sobre nada que não fosse o quanto ela amava ouro, até que Odin e todos os Aesir se cansaram dela. Ao fim de uma refeição, decidiram que o mundo ficaria melhor sem a ambiciosa Gullveig. Então ela foi torturada e queimada pelos Aesir, mas não conseguiram mata-la. Foi queimada 3 vezes, e 3 vezes renasceu e saiu do fogo. A ela foi dado um outro nome, chamaram-na Heid, a Cintilante. Ela era a Bruxa Suprema, podia ver passado e futuro, encantar varinhas de madeira, lançar feitiços, era uma mestra da magia.
Quando os Vanir souberam como Gullveig foi recebida pelos Aesir, ficaram furiosos com tamanha falta de hospitalidade. Juraram vingança e se prepararam para a guerra. Mas Odin podia ver e ouvir tudo o que se passava em baixo, assim viu os Vanir afiando as suas lanças. Então os Aesir começaram a polir os seus escudos. Logo ambas as famílias se encontraram no campo de batalha. E então começou a primeira guerra da história quando Odin lançou a sua lança aos Vanir. A guerra continuou por muitos anos, e ficou claro que nenhum lado estaria apto a derrotar o outro. Logo as duas partes decidiram que uma trégua seria melhor do que o caos em que se encontravam. Os deuses reuniram-se e discutiram sobre de quem seria a culpa da guerra. Os Vanir diziam que era culpa dos Aesir, e vice-versa. O acordo final seria que os Aesir e os Vanir viveriam lado a lado, em paz, e como exemplo disso eles intercambiariam líderes.
Os Vanir mandaram um dos seus grandes líderes, Njord, para viver com os Aesir. Freyr e Freyja, seus filhos, o acompanharam. Também mandaram o mais sábio dos Vanir, Kvasir, para viver em Asgard. Njord e Freyr assistiriam aos sacrifícios, enquanto Freyja ensinaria a todos os Aesir tudo o que ela sabia sobre bruxaria e magia. Igualmente, os Aesir enviaram Honir, e o sábio Mimir para viver em Vanaheim. Honir era bem criado, apontado como excelente líder, tanto na paz como na guerra. Eles foram aceites e bem recebidos pelo Vanir. Honir foi apontado como líder, e Mimir seria seu braço direito. Rapidamente os Vanir acharam que não haviam feito uma boa opção, decapitaram Mimir, e enviaram a sua cabeça de volta para Odin. Este pegou na cabeça, poliu-a com ervas de maneira que nunca apodreceria. Lançou encantos e fez com que a sabedoria de Mimir se tornasse a Sua Sabedoria.
Que todas as tuas preocupações e ansiedades por envelhecer sejam transfiguradas.
Que te seja concedida uma sabedoria com o olho da tua alma, para deslumbrares esse belo tempo de colheita.
Que tenhas o compromisso de colher a tua vida, cicatrizar o que te feriu,permitir-lhe chegar mais perto de ti e fundir-se contigo.
Que tenhas grande dignidade e consciência do quanto és livre e, acima de tudo, que te seja concedida a maravilhosa dádiva de encontrar a luz eterna e a beleza que está no teu íntimo.
Que sejas abençoado e que descubras um amor maravilhoso em ti por ti mesmo.
População cossaca de Stavropol e Diocese da Igreja Ortodoxa local haviam pedido às autoridades para proibir a festa de Halloween prevista para a sexta-feira (25) na cidade, segundo informações da assessoria de imprensa da Diocese de Piatigorsk e Tcherkéssia. O Ministério da Educação da região de Krasnodar recomendou na quinta-feira (25) que o Halloween não fosse celebrado nos estabelecimentos de ensino locais, por ir “contra o caráter laico da educação e prejudicar a saúde mental e moral dos estudantes”.
No entanto, o governo de Piatigorsk já havia organizado uma festa de Halloween em uma das praças principais da cidade para a sexta-feira (26). Foi a primeira vez que o Dia das Bruxas fez parte dos eventos culturais para jovens promovidos na cidade.
“Acho isso absolutamente inaceitável por uma série de motivos. A celebração do Halloween, que nos foi imposta há 20 anos, é conhecida pelas travessuras e zombaria aos mortos, atingindo a memória de pais e amigos de todos nós”, disse o padre da Diocese local Andrêi Sakhno, citado pela agência de notícias “RIA Nóvosti”.
“Concordo plenamente com os jovens que estão protestando contra a imposição da barbárie e vulgaridade, misturada com paganismo. Nossa Diocese está ativamente reavivando a rica herança cultura de nossos antepassados, para que a comunidade crie cultura ao invés de meramente consumi-la”, afirmou Sakhno, comentando sobre os apelos que diz ter recebido de alguns jovens.
O líder da sociedade cossaca de Stavropol, Anatóli Smolkov, apoia a iniciativa da igreja. “Essa data comemorativa deveria ser banida”, diz.
Há dois anos, a apresentação do curandeiro psíquico Anatóli Kachpirovski foi proibida na cidade a pedido dos representantes da Igreja Ortodoxa Russa, desencadeando uma onda de vetos às suas aparições pelo sul da Rússia.
Já a algum tempo um casal de Deuses me acompanham. Eles são velhos e exalam sabedoria e confiança como só aqueles que já passaram por diversas provações podem ter.
O Deus Ancião, se apresenta pra mim, com cabelos cumpridos e brancos, uma longa barba, usa tranças em seus cabelos e possui um ar de "bom velhinho"; Ele também é duro e me lembra os guerreiros, em sua postura marcial, pronto para qualquer batalha. Possui o porte daqueles que estão acostumados a serem obedecidos, seja lá o que aconteça.
Por que Ele aparece pra mim? É uma boa pergunta... Mas nem eu sei responder. Ele pode me ensinar sobre o tempo da espera, sobre os meandros das batalhas, as perdidas e as que já estão supostamente ganhas. Ele fala sobre liderança. Sobre a paz nos tempos de guerra. E ajuda na travessia pelas diversas fases da vida, afinal ele já passou por todas.
Ele já viveu a pressa da juventude, com todos os seus impulsos. Já teve o peso de um reino em seus ombros. E agora observa e contempla atenciosamente as gerações que virão.
Seu nome não importa! Perdeu-se nas linhas do tempo...
Sua missão, hoje, é acalmar e transmitir a paciência e sua sabedoria antes que a roda da vida complete o seu ciclo e ele volte a ser um jovem impetuoso que necessita aprender várias coisas.
Em toda cultura, existe um Deus Ancião. O mais velho, que querendo ou não precisa abrir espaço para os novos descendentes da cultura. Se ele tiver apreendido bem o seu caminho. Ele cederá de bom grado as informações e o seu poderio. Pois, compreende que isto faz parte do ciclo.
Para entrar em contato com ele, feche os olhos, sinta o ar ao seu redor e perca-se nas linhas do tempo. Passado, futuro e presente não mais existirão. Apenas a existência do existir por existir. Sinta e deixe-se sucumbir na imensidão do seu olhar e nas ondas de sua sabedoria eterna.
"QUANDO ESTUDAMOS SOBRE OS DRUÍDAS, TEMOS DE ESQUECER NOSSA RAZÃO E EMBARCAR NUM MUNDO DIFERENTE, MÁGICO, FANTÁSTICO, DE UM POVO INCRÍVEL E MISTERIOSO”.
No início, havia pessoas que viviam para conhecer e ensinar o sagrado. Xamãs, Magos, Feiticeiros, Druidas, Sacerdotisas, Pajés… Não importa como eram chamados em suas sociedades, eles tinham a sagrada missão de contar a história e as lendas de sua tribo, de orientar seu povo e de educar o rei e os jovens guerreiros.
O Druidismo é, por natureza, educativo. Os filósofos do Druidismo ensinam-nos que a luz da inteligência sobressairá e dissolverá a sombra da superstição e ignorância que ainda cega a humanidade nos dias de hoje.
Os Druidas acreditavam na reencarnação, ou renascimento numa vida além da morte no outro mundo. Este outro mundo às vezes acessível, e particularmente perto, em certas alturas do ano (como em Samhain). Eles acreditavam que havia uma grande conexão e continuidade entre a vida e a morte. A morte era vista como uma fase transitória no curso de uma vida longa, mesmo eterna. Não há divisão entre o submundo e o mundo superior
Os Druidas foram considerados magos, feiticeiros, especialmente em decorrência dos conhecimentos que eles tinham de medicina, do uso das plantas medicinais, do controle do clima, etc. Eram capaz de provocar manifestações telúricas e siderais, provocar ou fazer cessar chuvas, isto, é, controlar o ritmo das chuvas, de desviar furacões e ciclones, controlar as marés, atenuar os tremores de terra e as erupções vulcânicas, alem de outros fenômenos climatológicos. Isto eles dominavam bem e procediam em parte com o uso de cristais e em parte pela ação da mente, evidentemente com um poder muito ampliado graças aos rituais procedidos em lugares de força, como Stonehenge e outros círculos de pedra.
Evidentemente, os Druidas preocupavam-se mais com o lado pratico da vida, com a fertilidade dos campos e com o desenvolvimento espiritual do que propriamente com o desenvolvimento técnico.
Embora os Celtas e Druidas não fizessem uso intenso da linguagem escrita, especialmente para transmitir seus conhecimentos, mesmo assim eles tinham uma escrita expressa sob a forma de um alfabeto conhecido por alfabeto rúnico. As runas são símbolos gráficos com os quais podem ser gravados sons, palavras, mas o principal uso dos desenhos, as runas, é de natureza mágica. Bem mais que o alfabeto hebraico as runas são símbolos evocativos de poderes e representam para o Druidismo o que o alfabeto hebraico representa para a Cabala. Os Druidas formavam uma classe social do povo celta, herdeira e guardiã das tradições religiosas. Eram respeitados por seus conhecimentos de astronomia, direito e medicina, por seus dons proféticos, e como com juízes e líderes. Acreditavam na imortalidade da alma, na perfectibilidade indefinida da alma humana, numa série de existências sucessivas. Sua instituição, o Druidismo foi um poderoso fator de unidade do mundo Celta e, por isso, combatida pelos romanos durante as conquistas. A filosofia dos Druidas ou as leis das almas (lei das Tríades), reconstituída em sua imponente grandeza, patenteou-se conforme as aspirações das novas escolas espiritualistas. Os Druidas sustentavam a infinidade da vida, as existências progressivas da alma, a pluralidade dos mundos habitados.
Destas doutrinas viris, do sentimento da imortalidade que delas dimana, é que o povo Celta tirava o espírito de liberdade, de igualdade social e heroísmo em presença da morte. Essa luz intensa que inundou a terra das Gálias foi apagada há mais de vinte séculos atrás pela força romana, expulsando os Druidas, abriu praça a padres cristãos. Depois, vieram os Bárbaros e fez-se a noite sobre o pensamento, a noite da Idade Média, longa de dez séculos, tão carregada que parecia impossível que conseguissem virá-la os raios da verdade. Na Idade Média, Joana D'Arc que já vivera, nos tempos idos, como Celta, trousse em si a intuição direta das coisas da alma, que reclama uma revelação pessoal e não aceita a fé imposta; são faculdades de vidente, peculiares a raça Céltica.
Só pelo uso metódico dessas faculdades se pode explicar o conhecimento aprofundado que os Druidas tinham do mundo invisível e de suas leis. A festa de 2 de Novembro, a comemoração dos mortos, é de fundação gálica. A data 31 de Outubro era considerado como último dia do ano e acreditavam que os mortos vinham visitá-los. Para confundi-los, vestiam-se de fantasias e essa é a origem de Halloween. Os gauleses praticavam a evocação dos mortos nos recintos de pedra. As Druidisas e os Bardos obtinham os oráculos.
Os Druidas eram especialistas em profecias, encantamentos e outras magias. No norte da Escócia seus ritos até hoje são relembrados na véspera do dia de Todos os Santos (01 de Novembro). E nas ilhas Hébridas Conta Plínio, o Velho, historiador romano da Antiguidade, que a magia era muito comum na Gália antiga. Tanto que o imperador Tibério, que reinou no século I da era cristã, baixou um decreto contra os Druidas, juntamente com "todos os demais curandeiros, profetas e feiticeiros".
Os Druidas eram tão conhecidos que aparecem na literatura Céltica e nos comentários de Júlio César sobre a guerra da Gália. Nas lendas irlandesas eles aparecem como bruxos, entendidos em adivinhões por meio do voo e cantos dos pássaros, por sonhos, etc.
A História e Antropologia mostram que as comunidades, ao longo da história, acreditavam que os Druidas eram receptáculos de enorme poder, causando temor e respeito desmedido de todas as pessoas “comuns”.
Segundo alguns a magia é o ato de moldar a natureza e a realidade de acordo com a sua vontade. Esta definição, que não é nova, é base da Tradição Universal, que até os dias de hoje é transmitida a gerações.
Para os Celtas e Druidas, magia é uma coisa natural e acessível a todos, desde que haja dedicação e disciplina naquilo que se faz.
Sem a sabedoria milenar dos sacerdotes para educar o povo, as pessoas se esqueceram de sua herança ancestral. Surgiram líderes egoístas e irresponsáveis, que não se importavam com a terra e o povo. A terra foi vilipendiada. Monumentos sagrados foram destruídos, florestas devastadas, culturas inteiras foram extintas…
Hoje, a Mãe Terra chama seus filhos. Sacerdotisas da natureza - xamãs, magos, feiticeiros, druidas, pajés - é hora de reacendermos o Fogo Sagrado do amor à terra nos corações de nossas tribos.
A tradição cristã a apresenta Morgana como uma bruxa perversa que seduz seu irmão mais novo, Artur, e dele concebe o filho. Entretanto, nesta época, em outras tribos celtas, como em muitas outras culturas, o sangue real não se misturava e era muito comum casarem irmãos, sem que isso acarretasse o estigma do incesto.
Mas sob a pressão religiosa, os autores a convertem em uma irmã bastarda do rei, ambígua, freqüentemente maliciosa, tutelada por Merlim, perturbadora e fonte de problemas.
Relatos antigos contam-nos que ela era uma Velha Deusa da Sabedoria, a Senhora e Rainha de Avalon, a Alta Sacerdotisa da Antiga Religião Celta. Aprendeu magia e astronomia com Merlim. Alguns achavam que ela era uma "fada arrogante", pois era símbolo de rebeldia feminina contra a autoridade masculina. Quando zangada, era difícil agradar ou aplacar Morgana; outras vezes, podia ser doce e gentil.
O "matrimônio sagrado" envolve o mistério da transformação do físico para o espiritual, e vice-versa. Cada pessoa conecta-se com o universo como se fosse célula única no organismo do campo planetário da consciência. A partir da união do humano com o divino, a "Criança Divina" nasce. A "Criança Divina" é a vida nova, vida com nova compreensão, vida portadora de visão iluminante para o mundo.
Morgana representa na lenda arturiana, a figura da magia (uma Deusa Tríplice da morte, da ressurreição e do nascimento, incorporando uma jovem e bela donzela, uma vigorosa mãe criadora ou uma bruxa portadora da morte), e faz seu debut literário No início do século XII, no poema de Godofredo de Monntouth intitulado "Vita Merlini", como feiticeira benigna – ele ainda descreveu a ilha da Felicidade, onde viviam as nove irmãs. A mais jovem Morgue (Morgana), conhecia todas as qualidades medicinais das ervas, dominava a arte de alterar as figuras e tinha o poder de se elevar no ar como um pássaro. Foi ela quem recolheu o rei Artur após a sua derrota, curou-o de suas feridas, retendo-o até o dia em que retornou à Bretanha para libertá-la. Layamon, autor de um poema narrativo inglês é o primeiro a descrever como a mulher levou Artur pelas águas e não simplesmente recebendo-o na sua chegada.
Morgana era um enigma aos seus adversários políticos e religiosos. Os escrivões cristãos transformaram-na em demônio, talvez devido ao seu papel como sacerdotisa de uma Antiga Religião, que eles estavam tentando desacreditar nas suas investidas para cristianizar a estrutura de poder da Grã-Bretanha. Ela, entretanto, defendeu valentemente a fé das Fadas e as práticas dos druidas, achando entre os camponeses simples seus mais fiéis seguidores. Ela negou as acusações de prostituição dos monges e missionários cristãos.
Morgana fala...
Em vida, chamaram-me de muitas coisas: irmã, amante, sacerdotisa, maga, rainha. O mundo das fadas afasta-se cada vez mais daquele em que cristo predomina. Nada tenho contra o Cristo, apenas contra os seus sacerdotes, que chama a Grande Deusa de demônio e negam o seu poder no mundo. Alegam que, no máximo, esse seu poder foi o de Satã. Ou vestem-na com o manto azul da Senhora de Nazaré – que realmente foi poderosa, ao seu modo –, que, dizem, foi sempre virgem. Mas o que pode uma virgem saber das mágoas e labutas da humanidade?
E agora que este mundo está mudado e Arthur – meu irmão, meu amante, rei que foi e rei que será – está morto (o povo diz que ele dorme) na ilha sagrada de Avalon, é preciso contar as coisas antes que os sacerdotes do Cristo Branco espalhem por toda parte os seus santos e lendas.
Pois, como disse, o próprio mundo mudou.
Houve tempo em que um viajante se tivesse disposição e conhecesse apenas uns poucos segredos, poderia levar sua barca para fora, penetrar no mar do Verão e chegar não ao Glastonbury dos monges, mas à ilha sagrada de Avalon: isso porque, em tal época, os portões entre os mundos vagavam nas brumas, e estavam abertos, um após o outro, ao capricho e desejo dos viajantes. Esse é o grande segredo, conhecido de todos os homens cultos de nossa época: pelo pensamento criamos o mundo que nos cerca, novo a cada dia.
E agora os padres, acreditando que isso interfere no poder do seu Deus, que criou o mundo de uma vez por todas, para ser imutável, fecharam os portões (que nunca foram portões, exceto na mente dos homens), e os caminhos só levam à ilha dos padres, que eles protegeram com o som dos sinos de suas igrejas, afastando todos os pensamentos de um outro mundo que viva nas trevas. Na verdade, dizem eles, se aquele mundo algum dia existiu, era propriedade de Satã, e a porta do inferno, se não o próprio inferno. Não sei o que o Deus deles pode ter criado ou não. Apesar das historias contadas, nunca soube muito sobre seus padres e jamais usei o negro de uma de suas monjas-escravas. Se os cortesãos de Arthur em Camelot fizeram de mim este juízo, quando fui lá (pois sempre usei as roupas negras da Grande Mãe em seu disfarce de maga), não os desiludi.
E na verdade, ao final do reinado de Arthur, teria sido perigoso agir assim, e inclinei a cabeça à conveniência, como nunca teria feito a minha grande Senhora, Viviane, Senhora do Lago, que depois de mim foi a maior amiga de Arthur, para se transformar mais tarde em sua maior inimiga, também depois de mim.
A luta, porém, terminou. Pude finalmente saudar Arthur, em sua agonia, não como meu inimigo e o inimigo de minha Deusa, mas apenas como meu irmão, e como um homem que ia morrer e precisava da ajuda da mãe, para a qual todos os homens finalmente se voltam. Até mesmo os sacerdotes sabem disso, com sua Maria sempre-virgem em seu manto azul, pois ela, na hora da morte, também se transforma na Mãe do Mundo.
E assim, Arthur jazia enfim com a cabeça em meu colo, vendo-me não como irmã, amante ou inimiga, mas apenas como maga, sacerdotisa, Senhora do Lago; descansou, portanto no peito da Grande Mãe, de onde nasceu, e para quem, como todos os homens, tem a finalidade de voltar. E talvez – enquanto eu guiava a barca que o levava, desta vez não para a ilha dos padres, mas para a verdadeira ilha sagrada no mundo das trevas que fica além do nosso, para a ilha de Avalon, aonde, agora, poucos, além de mim, poderiam ir – ele estivesse arrependido da inimizade surgida entre nós.(...)
A verdade tem muitas faces e assemelha-se à velha estrada que conduz a Avalon: o lugar para onde o caminho nos levará depende da nossa própria vontade e de nossos pensamentos, e, talvez, no fim, chegaremos ou à sagrada ilha da eternidade, ou aos padres, com seus sinos, sua morte, seu Satã e Inferno e danação...Mas talvez eu seja injusta com eles. Até mesmo a Senhora do Lago, que odiava a batina do padre tanto quanto teria odiado a serpente venenosa, e com boas razões, censurou-me certa vez por falar mal do deus deles.
“Todos os deuses são um deus”, disse ela, então como já dissera muitas vezes antes, e como eu repeti para as minhas noviças inúmeras vezes, e como toda sacerdotisa, depois de mim, há de dizer novamente, “e todas as deusas são uma deusa, e há apenas um iniciador. E cada homem a sua verdade, e Deus com ela”.
Assim, talvez a verdade se situe em algum ponto entre o caminho para Glastonbury, a ilha dos padres, e o caminho de Avalon, perdido para sempre nas brumas do mar do Verão.
Mas esta é a minha verdade; eu, que sou Morgana, conto-vos estas coisas, Morgana que em tempos mais recentes foi chamada Morgana, a Fada.
Marion Zimmer Bradley, in As Brumas de Avalon
Morgana fala…
Até hoje nunca soube quantas noites e dias passei no país das fadas – até hoje minha mente se torna confusa quando tento fazer a conta. Por mais que me esforce, não acredito que fosse menos de cinco, nem mais de treze. Tampouco tenho certeza do tempo que transcorreu fora dali, nem em Avalon, enquanto estive lá, mas como a humanidade registra melhor a passagem do tempo do que no país das fadas, sei que cerca de cinco anos se passaram.
À medida que envelheço, penso cada vez mais que talvez o que consideramos como o passar do tempo só acontece porque adquirimos o hábito, terrivelmente arraigado, de contar as coisas – os dedos de um recém-nascido, o nascer e o pôr do sol -, e por isso pensamos com muita freqüência no número de dias ou de estações que devem transcorrer antes que o grão amadureça, ou nosso filho cresça no ventre e seja dado à luz, ou que algum encontro muito desejado se concretize. E o registramos de acordo com o passar do ano e do sol, como o primeiro dos segredos sacerdotais. No país encantado, eu nada sabia do tempo, e portanto para mim ele não passava. Quando dele sai, descobri que já havia mais marcas no rosto de Gwenhwyfar e que a deliciosa juventude de Elaine começava a desaparecer. Minhas mãos, porém, não estava mais magras, meu rosto continuava intocado pelas marcas ou rugas, e embora em nossa família os cabelos embranqueçam cedo – aos dezenove anos Lancelote já tinha alguns cabelos brancos -, o meu estava tão negro e intocado pelo tempo quanto à asa de um corvo.
Cheguei a pensar que quando os druidas retiraram Avalon do mundo da contagem e do registro constantes, isso também começou a acontecer ali. O tempo não flui sem medida em Avalon como num sonho, ou como no país das fadas. Não obstante, o tempo começou a correr ali mais devagar. Vemos a lua e o sol da Deusa e registramos os ritos nas pedras circulares, de modo que o tempo nunca nos abandona totalmente. Mas não corre paralelo ao tempo de outros lugares, embora se possa pensar que se os movimentos do sol e da lua fossem conhecidos de todos, o tempo em Avalon teria de passar do mesmo modo que no mundo lá fora… Mas não é assim. Nestes últimos anos, eu podia passar um mês em Avalon e descobrir, quando saia de lá, que toda uma estação ocorrera lá fora. E ao final daqueles anos, isso sucedeu mais amiúde, pois eu não tinha paciência para ver o que acontecia no mundo exterior. E quando as pessoas viam que eu continuava sempre jovem, então me consideravam, mais do que nunca, uma fada ou uma feiticeira.
Mas isso foi muito, muito tempo depois.
Pois quando ouvi a Raven dar aquele grito aterrorizador que varou os espaços entre os dois mundos e chegou até mim, onde eu estava, no sono intemporal do mundo encantado, eu parti… mas não para Avalon.
Retirado de As Brumas de Avalon – A Grande Rainha, pág. 229 - 230
Aradia é na Stregheria a perpetuadora do Culto de Sua Mãe, Diana que é vista como a Rainha do Céu e da Terra, Senhora da Magia e a Deusa que criou o mundo.Em algumas vertentes da bruxaria italiana o culto triplicie se marca na Familia:
Na Mãe vista como a criadora do mundo e Deusa primordial, o pai que é seu irmão Dianus Lucifero ou simplismente Lucifer (Portador da Luz) que era o Deus da Beleza força e conhecimento e por fim, vem a Filha, Arádia. Enquando Diana personifica a lua, a escuridão e o feminino, Dianus personifica o sol, luz e o masculino. Arádia nasce como o equilíbrio destas duas polaridades, mas ainda assim na forma feminina, como a Deidade Primordial que era Diana. Arádia, antes de tudo, é o Sangue, a tradição gerada da união de seus pais. Dentro da Stregheria, o papel de Arádia é instruir, ensinar, e fazer a velha religião florescer, ou seja, perpetuar o culto, a tradição, o "Sangue dos Deuses".
De Diana, ela traz a maternidade e a sabedoria; de Dianus, ela carrega a força e o conhecimento. Como descendente de Diana e Dianus, ela é a representação da própria ancestralidade, a importância de cultuar aqueles que vieram antes de você. Ela é a Filha - e portanto nossa Irmã - que vem ensinar a Antiga Tradição.
Ela viveu nos montes de Alban e florestas perto do lago Nemi, na Itália, junto aos escravos que haviam se libertado de seus senhores. Ali ela ensinou-lhes a Antiga Religião e pregava o amor pela liberdade. Sua forte presença e suas palavras cheias de amor, trouxe esperança para os camponeses que eram explorados pelos senhores feudais. Desta fora ela aumentou-lhes a auto-estima, deu-lhes o devido valor e ensinou-lhes a terem respeito por si próprios. Aradia colocou-os em harmonia com a natureza através de seus ritos sazonais e rituais da Lua Cheia. A Igreja Católica a perseguiu como "Rainha das Bruxas" e colocou-a na prisão. Lá foi torturada e sentenciada à morte. No dia da execução, não foi encontrada em sua cela. Tinha escapado milagrosamente e voltou a ensinar sua religião ao povo. Quando presa novamente pelos soldados, falou ao padre:
-"Você só traz a punição para àqueles que se livraram da Igreja e da escravidão. Estes símbolos e roupa de autoridade que veste, só servem para esconder a nudez que nos faz iguais. Você diz que serve a um deus, mas você serve somente a seus próprios medos e limitações". Acabou presa desta vez, por heresia e traição. Sentenciada novamente à morte, outra vez escapou, retornando às montanhas, junto aos seus, onde fez uma revisão em seus ensinamentos.Um dia comunicou a todos que partiria para o Leste. Entregou-lhes uns escritos que tinham por título:"A Carga da Deusa", onde descrevia minuciosamente todos os rituais. Antes de partir, instruiu seus seguidores para recordá-la compartilhando vinho e bolos nos cerimoniais sagrados. Prometeu, que todo aquele que clamasse por Diana, sua mãe, e por ela, receberiam muitas graças e seriam abençoados.
Pelas tradições orais referentes a Arádia, com base na Antiga religião da Itália, sabe-se que Ela viveu e ensinou durante a última metade do século XIV. O inquisidor italiano Bernardo Rategno documentou em seu Tractatus di Strigibus (escrito em 1508 d.C.) que uma "rápida expansão" da "seita das Bruxas" tinha começado 150 anos antes de sua época. Ratgeno estudou muitas transcrições referentes à Bruxaria nos julgamentos da Inquisição e pesquisando através dos anos, ressaltou o começo dos julgamentos de Bruxas, notando um rápido aumento deles por um período de ano. Seguindo um detalhado estudo desses registros (mantidos nos Arquivos da Inquisição em Como, Itália), Ratgeno fixou a época deste reflorescimento das Bruxas por volta de 1358, a última metada do século XIV.
No séc. XIV, Aradia ensinou que os poderes "tradicionais" de uma Bruxa pertenceriam àqueles que seguissem a Velha Religião. Ela os chamou de Dons, porque ela colocava que são apenas "um adicional" aos poderes de uma verdadeira bruxa, e não a razão pela qual alguém deveria se tornar uma bruxa.
Seu símbolo, após sua partida era, e ainda é, a Chama Sagrada que é acesa no meio do altar. Ela é o fogo perene de seus ensinamentos e de nossa ligação com o Espírito do Caminho Antigo.
Seus discípulos também foram perseguidos e muitos mortos e acredita-se que os pergaminhos, nos quais seus ensinamentos foram registrados, trancados no Vaticano. Alguns documentos históricos indicam a passagem de uma mulher peregrina pelo norte da Itália e indicam que talvez ela tenha passado seus últimos anos na Romênia.
Os ensinamentos de Aradia têm um cunho de simples entendimento e observação completa da Natureza. Ela fala sobre a Deusa Diana e o Deus Dianus ou Lúcifer; discorre como a Natureza é a maior de todas as professoras; deixa para os camponeses o valor e a importância do casamento baseado no amor e no respeito; sobre a força da sexualidade e sua magia; ela deixa um alerta sobre os cristãos, um cuidado que deveria ser tomado naquele momento de perseguição; e deixa um elenco de 13 "conselhos", que são conhecidos como "Covenant of Aradia": visando a convivência harmoniosa entre todos os seres da Criação.
Aradia é considerada uma "Avatar" feminina; uma Deusa que encarnou na Terra para trazer a liberdade para as classes oprimidas pelo clero e pela nobreza. Sua história foi contada de geração em geração pelos Clãs e famílias de Streghe. Parte de sua história pode ser encontrada na obra do folclorista Charles G. Leland, Aradia, Il Vangelo delle Streghe Italiane.
Aradia era a doutrinadora da Antiga Religião da Deusa e também a protetora das bruxas. Era uma Deusa intelectualizada com a chama de uma Amazona em seu interior. É uma Deusa associada com a Lua Cheia, apresentando o espírito de uma "Donzela", somada à habilidade e presteza herdada de sua Mãe Diana e também a sabedoria de uma "Anciã".
Aradia é um símbolo para as bruxas atuais. Através de seus ensinamentos nós nos transformamos e nos unimos ao céu, à terra, à lua e ao universo.
A Carga de Aradia ( Este é um Poema Clássico)
Sempre que precisarem de qualquer coisa, uma vez por mês, quando a lua estiver cheia, então vocês devem se reunir em algum lugar deserto, ou onde haja um bosque, e adorar aquela que é a Rainha de todas as Bruxas. Venham todos juntos dentro de um círculo e segredos que ainda são desconhecidos serão revelados.
E suas mentes devem estar livres, também os seus espíritos, e, como um símbolo de que são realmente livres, vocês devem estar nus em seus ritos. E vocês devem regozijar-se e cantar; tocar música e se divertir à exaustão. Pois essa é a essência do espírito e o conhecimento da alegria.
Sejam fiéis às suas crenças e permaneçam no Caminho, além de todos os obstáculos. Pois sua é a chave para os mistérios e o círculo do renascimento, que abre o caminho para o Útero da Iluminação.
Eu sou o espírito de todas as bruxas e isso é alegria e paz e harmonia. Em vida a Rainha de todas as bruxas revela o conhecimento do Espírito. E da morte a Rainha os entrega à paz e à renovação.
Quando eu tiver partido deste mundo, em minha memória façam bolos de grãos, vinho e mel. Vocês devem fazê-los na forma da Lua e então compartilhar o vinho e os bolos. Pois eu fui enviada a vocês pelos Antigos Espíritos e eu vim para que vocês sejam livres de toda escravidão. Eu sou a filha do Sol e da Lua e, mesmo que eu tenha nascido neste mundo, minha Raça é das Estrelas.
Façam todos oferendas Àquela que é a nossa Mãe. Pois ela é a beleza dos Verdes Bosques e a luz da Lua entre as Estrelas. É o mistério que dá vida e sempre nos chama a nos reunir em Seu nome. Deixe a Sua adoração estar nos caminhos do seu coração, pois todos os atos de amor e prazer são favorecidos pela Deusa.
Mas, para todos que A procuram, saibam que sua busca e desejo não vão recompensá-lo antes que vocês percebam o segredo. Pois, se o que vocês procuram não é achado no seu interior, vocês nunca irão encontrá-lo no exterior. Pois ela está com vocês desde que entraram no Caminho e ela é aquela que os espera no final da sua jornada.
Oração de Aradia
"Eu sou Aradia
Filha do mar
E filha do vento
Filha do Sol
E Filha da Lua
Filha do pôr
E filha do nascer do Sol Filha da noite E Filha das montanhas
E eu cantei a canção do mar
E eu escutei os sinais do vento
E eu aprendi os mistérios secretos do Sol
E eu bebi as lágrimas da Lua
E o sofrimento do Sol que nasce
Eu estive sob a escuridão mais profunda da noite
E eu segurei o poder das montanhas
Por eu ser mais forte que o mar E mais livre que o vento