segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cultus Deorum: Viva o mundo Multicultural


O paganismo greco-romano possui um riquíssimo conjunto de elementos históricos e culturais que precisa ser conhecido e resgatado.

Por muito tempo trabalhei para amenizar o desconhecimento dos leigos em relação ao tema, mas é uma pena que pessoas ignorantes ainda tenham preconceito contra uma manifestação cultural tão bela e antiga.

                                                                                                                                  

Uma imagem de santo, por exemplo, antes de ser um símbolo de fé, é uma obra de arte; e o mesmo ocorre com as obras artísticas pagãs. 

Mas na maioria dos casos, quando se apresenta uma obra pagã a leigos, o olhar religioso acaba vindo primeiro que qualquer outro, e vem carregado de preconceitos.

As pessoas precisam se despir de seus preconceitos para enxergar as coisas em sua essência real, sem colocar rótulos na frente. Conhecer uma cultura diferente pode te ajudar a aceitá-la, e não necessariamente fazer com que você se torne adepto dela. O segredo da paz está no respeito mútuo mesmo quando existem diferenças.


O pior tipo de ignorante é aquele que se recusa a adquirir conhecimento, aquele que se recusa a aprender, tentar enxergar as coisas por um ângulo novo.

Para os ignorantes por opção, só demonstro meu desprezo total, e não faço questão nenhuma de manter contato com quem nutre convicções preconceituosas e exclui os outros simplesmente por conta de suas crenças e cultura diferentes.

Vale a pena ter ao meu redor pessoas inteligentes, que busquem somar e crescer ao invés de segregar e se trancar em um mundo sem janelas ou perspectivas.


Quem ama cultura, arte e amizade, independente de religião, cor ou qualquer outro fator, está no caminho certo para absorver conhecimento e se tornar alguém com uma rica bagagem cultural e, principalmente, de amizades.

Essa amplitude de pensamento é uma das belas coisas que aprendi com o paganismo romano, que ao dominar as mais diversas regiões com seus exércitos, adotava para si a cultura e a religião local, juntamente com tudo o que elas podiam oferecer.

A adoção dos cultos e sistemas religiosos estrangeiros ocorria sutilmente na Roma Antiga, através da interpretatio, um termo que hoje podemos identificar como uma espécie de sincretismo, mas que se distinguia pela aproximação de arquétipos, e não pela exclusão de faces divinas, sendo o contrário do que aconteceu quando a igreja católica obrigou os escravos a banirem seus orixás e adotarem os santos.

A lição que pode ser extraida para a vida moderna é: aprender a conviver com as diferenças, extraindo o melhor que cada cultura, pessoa ou tradição diferente tem a nos ensinar.


autor:
Rafael Nolêto -  jornalista e documentarista.

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