Poesia de Magdalena Léa em homenagem aos animais.
"MIMOSA"
Um jornal noticiou:
"Perdeu-se uma cadelinha.
É branca, toda branquinha,
Com uma fita cor-de-rosa.
É bem mansinha e atende
Pelo nome de "Mimosa".
"Gratifica-se" - dizia -
"Com generosa quantia
A quem entregar"... e dava
O endereço afinal.
O homem larga o jornal
E se põe a comentar:
- "Não há dúvida, é você,
Pois isso logo se vê:
Branquinha, de fita rosa ...
Então, seu nome é Mimosa?
Assenta bem pra você!"
E afagando a cachorrinha,
que no seu colo se aninha:
- "Ora essa, é muito boa!
Deixaram você à toa
E depois vêm com a cantiga?
Mas isso não, minha amiga,
Não vou entregar é nada,
O castigo é merecido.
Se fosse bem vigiada,
Você não tinha fugido.
E quem foi que a socorreu
Quando andava aí perdida?
Portanto você nasceu
Foi nesse dia, querida!
Triste, suja, enlameada,
Faminta, correndo à toa,
Podendo ser esmagada
Aos pés de qualquer pessoa...
E eu salvei-a do perigo!
Não lhe dei comida, abrigo
E tudo, de coração?
Pois dizem que é generosa
A tal gratificação!
Mas isso a mim não me tenta,
Jogo o dinheiro na venta
De quem me tirar você,
Pois o seu dono sou eu.
O antigo dono seu...
Bem, há de se consolar!
Pegue a gratificação
E corra, e compre outro cão,
Que cães não hão de faltar,
Com você eu é que fico!
Capaz de ele ser bem rico,
E ter de tudo na vida,
Uma família querida.
Mas eu sozinho, solteiro...
E do "metal" nem o cheiro!
Escuta aqui, ó tetéia,
Posso ser um vagabundo,
Mas não há ouro no mundo
Que mude aqui minha idéia.
Mas toda vez lá saía
A notícia no jornal:
O outro não desistia
De encontrar o animal.
E cada dia aumentava
O prêmio pela Mimosa.
Cem mil reais andava,
Oferta bem generosa!
O homenzinho então lia,
A cachorrinha afagando
E bem alto, comentando:
- "És uma jóia!" - E ria.
"Que prêmio por seu sumiço!
Deixe porém que eu lhe diga:
Você, você, minha amiga,
Vale bem mais que isso!"
Como entendesse, Mimosa
Abana a cauda vaidosa.
Os dias se sucediam,
E sempre o preço subiam
Pela cachorra perdida.
E o homem punha-se a rir:
- "A coisa está divertida!"
Fazia já quinze dias
Que a cadelinha fugida
Vivia uma outra vida.
Não faltando à condição
De seu sexo volúvel,
Espera ali, no portão,
Novo dono e pressurosa
Salta lambendo-lhe a mão.
E ele ri satisfeito
Aconchegando-a ao peito
Com carinho e com ternura,
Começa então a leitura.
Mas súbito empalidece
Hoje ele não escarnece
Treme na mão o jornal...
Dessa vez o homem não riu
Pegou Mimosa e saiu
Foi entregá-la afinal.
É que não fala em dinheiro
A notícia nesse dia,
Apenas isto dizia:
"Pede-se à alma bondosa,
Que encontrou a Mimosa,
Que a entregue por piedade.
Sua dona é pequenina,
Tem seis anos a menina,
E adoeceu de saudade."
Autora: Magdalena Léa
Livro: "A Criança Recita"
Nossa, me emocionei com o poema. Isso sim que é ter um coração generoso e ser capaz de dispor de um amor para satisfazer um outro coraçãozinho que adoece de amor e saudade. Uma sexta feira de carinho, paz, amor e emoções para embalar seu coração. Beijos com meu afeto e minha amizade.
ResponderExcluirGracita
cara gracita
Excluiragradecemos por sua visita, participação e principalmente por sua emoção ao ler este poema.
esperamos que cada palavra de carinho a nós dirigida te retorne 3 vezes mais intenso e que volte muitas vezes ao nosso convívio.
selma/marcos
Oi, acho as suas postagens incriveis, sou uma grande fã do seu blog. Vc fala bastante de uma Deusa pelo que eu li aqui, quem é essa Deusa?
ResponderExcluirÉ a Deusa da noite?
Beijos, Isis
cara isis
ResponderExcluirantes de mais nada gostaria que nos perdoasse pelo longo tempo sem te dar uma resposta.
e que nossos afazeres as vezes não nos permiti atualizar.
agora, tentando elucidar suas dúvidas, na nossa visão pagã a deusa não governa o mundo, ela é o mundo.
ela esta no mundo, ela é tudo que existe, existiu e existirá.
a grande deusa é a criadora , a nutridora e a destruidora , é a deusa tríplice pois ela contem o ciclo contínuo da vida , morte e renascimento.
ela é a donzela , a mãe e a anciã. tendo a lua como símbolo mais importante utilizado como representação da deusa.
esperamos te la ajudado de alguma maneira e esperamos que volte muitas vezes ao blog.
selma/marcos