O interesse por esse símbolo e suas eventuais interpretações astrológicas tem relação com os movimentos contemporâneos de libertação feminina, bem como com as propostas de uma maior elaboração psicológica da interação masculino-feminino no indivíduo, com o processo terapêutico. Os estudos que têm sido realizados por diversos astrólogos mostram a pertinência e a coerência entre o ponto onde a Lilith se localiza no mapa natal e a manifestação cada vez mais evidente nas pessoas dos significados desse símbolo.
O modelo de feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão baseia-se no mito de Eva, a mulher feita a partir de um fragmento do "primeiro ego": Adão. Vários textos históricos (entre eles, os relatos da Torah assírio-babilônica e hebraica, a versão jeovística para o Gênesis, o comentário bíblico do Beresit-Rabba e as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá (Séc. VI ou VII)), no entanto, citam com variantes a criação de Lilith, a primeira mulher, feita em igualdade de condições com o primeiro homem e expulsa do Paraíso por tentar fazer valer essa identidade.
Adão e Eva são apenas interpretações simbólicas de leis e princípios arquetípicos, correspondendo Adão ao princípio masculino essencial (yang) e Eva à essência do feminino (yin). Além disso, sob o ponto de vista dos alquimistas, é através da união das polaridades (Sol e Lua, yang-yin) que se obtém o "ouro dos filósofos", ou seja, conquista-se a plenitude, o estado divino no homem. A partir desses pontos de vista, pode-se concluir que talvez seja bastante difícil elaborar nossa plenitude ou individuação baseados em princípios simbólicos aparentemente distorcidos, isto é, o masculino (Adão) e o feminino (Eva) manifestando-se em níveis diferenciados.
Acreditamos que essas distorções na interpretação dos mitos satisfaçam algumas conveniências estruturais de nossa sociedade, particularmente a discutível superioridade do homem sobre a mulher. Mas observado sob um prisma astrológico, esse desnivelamento não existe e sua verdadeira função intrínseca seria manter o ser humano afastado de sua outra metade, seu lado yin (ou inconsciente).
Assim, divididos em duas naturezas que não podem harmonizar-se - pois uma delas está simbolicamente em condição de inferioridade - nos tornamos seres frágeis, parciais, facilmente manipuláveis por qualquer sistema de valores. Estamos muito distantes de nossa natureza divina, de provarmos o fruto proibido da polaridade (traduzida por bem-mal) que nos daria acesso ao princípio simbólico de termos sido feitos à Sua imagem e semelhança.
É evidente que uma "mulher" que representasse a possível igualdade de condições com a natureza masculina teria de ser omitida, ou melhor, transformada no símbolo do mal, do pecado, da perdição (mãe de demônios, súcubos, da tentação, do pecado). Mas não é possível, por mais que se pretenda, enganar os mecanismos restauradores da harmonia divina, os quais a própria mãe natureza se encarrega de manter ativos. É a verdadeira evolução das espécies, promovida pela própria natureza em todos os planos da existência, inclusive no espiritual.
Os conteúdos psíquicos simbolizados pela Lilith são muitas vezes interpretados como a raiz da libido. Outras vezes são percebidos como geradores de poderes paranormais, inclinação para a bruxaria, mediunidade, etc. De qualquer forma, tudo o que se diga sobre a Lilith pode ser tão falso quanto verdadeiro, pois não passa de conjeturas - mesmo que baseadas em observação empírica - sobre uma potencialidade simbólica e ainda inconsciente.
Partindo de diversos estudos realizados - particularmente por astrólogos franceses e, no Brasil, pelo professor Zeferino Pina Costa, astrólogo conhecido pela seriedade e profundidade de suas pesquisas - além da contribuição de observações, palpites, opiniões e intuições de diversos astrólogos e estudantes que se interessam pelo tema, tentaremos compor um painel inicial das possibilidades interpretativas desse símbolo no mapa astrológico.
O modelo de feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão baseia-se no mito de Eva, a mulher feita a partir de um fragmento do "primeiro ego": Adão. Vários textos históricos (entre eles, os relatos da Torah assírio-babilônica e hebraica, a versão jeovística para o Gênesis, o comentário bíblico do Beresit-Rabba e as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá (Séc. VI ou VII)), no entanto, citam com variantes a criação de Lilith, a primeira mulher, feita em igualdade de condições com o primeiro homem e expulsa do Paraíso por tentar fazer valer essa identidade.
Adão e Eva são apenas interpretações simbólicas de leis e princípios arquetípicos, correspondendo Adão ao princípio masculino essencial (yang) e Eva à essência do feminino (yin). Além disso, sob o ponto de vista dos alquimistas, é através da união das polaridades (Sol e Lua, yang-yin) que se obtém o "ouro dos filósofos", ou seja, conquista-se a plenitude, o estado divino no homem. A partir desses pontos de vista, pode-se concluir que talvez seja bastante difícil elaborar nossa plenitude ou individuação baseados em princípios simbólicos aparentemente distorcidos, isto é, o masculino (Adão) e o feminino (Eva) manifestando-se em níveis diferenciados.
Acreditamos que essas distorções na interpretação dos mitos satisfaçam algumas conveniências estruturais de nossa sociedade, particularmente a discutível superioridade do homem sobre a mulher. Mas observado sob um prisma astrológico, esse desnivelamento não existe e sua verdadeira função intrínseca seria manter o ser humano afastado de sua outra metade, seu lado yin (ou inconsciente).
Assim, divididos em duas naturezas que não podem harmonizar-se - pois uma delas está simbolicamente em condição de inferioridade - nos tornamos seres frágeis, parciais, facilmente manipuláveis por qualquer sistema de valores. Estamos muito distantes de nossa natureza divina, de provarmos o fruto proibido da polaridade (traduzida por bem-mal) que nos daria acesso ao princípio simbólico de termos sido feitos à Sua imagem e semelhança.
É evidente que uma "mulher" que representasse a possível igualdade de condições com a natureza masculina teria de ser omitida, ou melhor, transformada no símbolo do mal, do pecado, da perdição (mãe de demônios, súcubos, da tentação, do pecado). Mas não é possível, por mais que se pretenda, enganar os mecanismos restauradores da harmonia divina, os quais a própria mãe natureza se encarrega de manter ativos. É a verdadeira evolução das espécies, promovida pela própria natureza em todos os planos da existência, inclusive no espiritual.
Os conteúdos psíquicos simbolizados pela Lilith são muitas vezes interpretados como a raiz da libido. Outras vezes são percebidos como geradores de poderes paranormais, inclinação para a bruxaria, mediunidade, etc. De qualquer forma, tudo o que se diga sobre a Lilith pode ser tão falso quanto verdadeiro, pois não passa de conjeturas - mesmo que baseadas em observação empírica - sobre uma potencialidade simbólica e ainda inconsciente.
Partindo de diversos estudos realizados - particularmente por astrólogos franceses e, no Brasil, pelo professor Zeferino Pina Costa, astrólogo conhecido pela seriedade e profundidade de suas pesquisas - além da contribuição de observações, palpites, opiniões e intuições de diversos astrólogos e estudantes que se interessam pelo tema, tentaremos compor um painel inicial das possibilidades interpretativas desse símbolo no mapa astrológico.
De acordo com as diversas fontes citadas, a Lilith poderia corresponder na carta astrológica aos seguintes elementos:
1) Ponto de frustração - A Casa ou signo onde ela se encontra corresponderia à área de experiência (Casa) ou qualidade arquetípica (signo) em relação às quais o indivíduo viveria com um sentimento inexplicável e constante de expectativa e insatisfação, mesmo que a experiência simbolizada por aquela Casa ou signo esteja sendo realizada satisfatoriamente.
2) Fator de inversão - As experiências representadas pelo signo ou Casa poderiam acontecer de maneira inversa ao esperado, reforçando a frustração e a insatisfação quanto àquela experiência.
3) Canal de contato com outras dimensões - Diferentemente de Netuno, que representa o canal de acesso ao inconsciente coletivo, a Lilith representaria um ponto de acesso ao "inconsciente do inconsciente coletivo". Pode simbolizar também qualidades mediúnicas poderosas.
4) Mecanismo de evasão ou recepção de energia vital - Pela manifestação da Lilith através da configuração astrológica da qual participa (Casa, signo, aspectos, etc.) o indivíduo pode liberar sem intenção grande quantidade de energia vital, esvaindo-se, muitas vezes, completamente. Da mesma forma, ele pode absorver essa mesma vitalidade de outras pessoas.
5) Ponto de acumulação das energias não utilizadas - A experiência existencial e os princípios astrológicos dizem que a natureza sempre oferece oportunidades e ferramentas para que o indivíduo se realize e cumpra seu projeto. Quando ele não aproveita essas oportunidades por qualquer motivo, a energia disponível e não usada se transforma em uma espécie de lastro, o qual se incorpora ao sujeito, incomodando e atrasando sua realização. É mais um fator frustrante, é tudo aquilo que deixamos de fazer e que deveríamos ter feito.
6) Conteúdos infantis não elaborados - A Lua representa no mapa natal os conteúdos primários instintivos, inclusive a experiência existencial da infância. A Lua Negra representaria as experiências infantis não vividas, possibilitando manifestações e reações bastante infantis na área onde ela se encontra - geralmente de forma compulsiva e exagerada.
7) Ponto de carisma - As configurações das quais a Lilith participa no mapa são muitas vezes caracterizadas por um forte magnetismo ou carisma, especialmente quando o indivíduo atua harmonicamente nas questões envolvidas. Talvez esse fenômeno esteja relacionado com um tipo de acesso à libido.
Existem inúmeras outras conjeturas relativas ao papel astrológico da Lilith, mas as citadas anteriormente são as mais facilmente observáveis no cotidiano de cada um de nós. São meros pontos de partida para um estudo mais aprofundado, para novas descobertas. A questão está aberta a quem estiver disposto a encará-la.
Referências ao modelo cármico, também atribuídas à Lilith por alguns estudiosos, exigiriam um trabalho mais extenso e especializado, além de serem pouco funcionais, estacionando na maioria das vezes no campo da especulação metafísica.
Damos a seguir algumas sugestões de interpretação desse símbolo em termos de signo e casa (a posição por casa é, em geral, mais facilmente observável).
Touro ou na Casa II - As questões de valor são tratadas com relativa obsessão. Independentemente de estar em boa situação financeira, por exemplo, o indivíduo age como se precisasse de mais, muito mais. Está tão insatisfeito com o que possui, que muitas vezes não percebe seus próprios talentos ou qualidades notáveis. Quer o que não tem e tem o que não quer. Acumula coisas em excesso e se desfaz delas compulsivamente, renegando-as, de certa forma.
Gêmeos ou na Casa III - Avidez insaciável por conhecimento e informação (pode, por outro lado, rejeitar as informações, não lendo jornais, por exemplo). Eloqüência e agilidade mental. Tendência a falar sobre coisas acerca das quais preferiria ter-se calado, a iniciar cursos que não pretende concluir e a adquirir livros que não pretende ler.
Câncer ou na Casa IV - Tendência a viver insatisfeito com a família, com a história pessoal, a educação e a formação que recebeu. É geralmente rigoroso e exigente no processo de formação de um lar, mas acaba concretizando algo que não corresponde às suas expectativas. Muitas vezes vive de casa em casa, de convivência em convivência, tentando realizar algum ideal oculto de vida familiar. Inclina-se a atribuir muitas de suas frustrações e derrotas circunstanciais aos seus pais ou familiares. Vida interior bastante intensa, com relativa facilidade de acesso à sua realidade mais profunda. Devoção apaixonada pelas crianças, acompanhada de impaciência e dificuldade em aceitá-las como realmente são.
Leão ou na Casa V - Pode manifestar-se sob forma de dramaticidade ou necessidade compulsiva de impor sua vontade sobre os demais. Pode também corresponder a uma grande dificuldade em sentir-se identificado com o que realmente é. Notável criatividade física e mental, acompanhada por um sentimento de insatisfação, o que faz com que o indivíduo se empenhe mais e mais em atividades criativas (ou em fazer filhos, simplesmente). Possibilidade de bloqueios nos mecanismos de prazer, desencadeando uma busca exaustiva ou então uma fuga de qualquer situação representativa da sensação de prazer.
Virgem ou na Casa VI - A questão atingida é o trabalho e o método. Insatisfação com sua atividade cotidiana, mesmo quando essa lhe for adequada. Comportamento evasivo ou infantil no ambiente de trabalho. Geralmente muito preocupado com a saúde, procurando todo tipo de terapia ou tratamento de que ouve falar, mesmo sabendo que não precisa (- é só precaução - afirma). Rigor lógico e formal em suas atividades. É comum não gostar daquilo que faz e não fazer aquilo que gosta.
Libra ou na Casa VII - É possível uma tendência a projetar suas frustrações e insatisfações nos associados em geral. Em uma relação afetiva, por exemplo, pode acontecer de, cada vez que o companheiro exibir sua satisfação e bem-estar, o indivíduo dar um jeito de bloquear e frustrar a alegria do outro. Pode desejar alguém inatingível, mas, se esse alguém tornar-se possível, descobrirá que não era bem isso que desejava. São pessoas que exigem muita paciência e compreensão de quem convive com elas. São suscetíveis, magoam-se facilmente e fazem questão de demonstrá-lo. Também podem ser infantis no seu convívio. Possuem fascínio pelo lado oculto das coisas, o que pode conduzi-las ao estudo das ciências herméticas ou a relacionamentos com místicos, mágicos, gurus e até mesmo charlatães.
Escorpião ou na Casa VIII - Confere uma atração excepcional pelo ocultismo, particularmente pela magia, xamanismo, feitiçaria, enfim, pelas práticas, que se relacionam com mecanismos de poder ou de acesso a outros planos da existência. A pessoa tem uma razoável disponibilidade de poderes curativos e regeneradores. Insatisfação com a condição material em que vive, com inclinação a tornar-se financeiramente dependente do companheiro. A necessidade de algum tipo de poder pode ser obsessiva e causar um comportamento tirânico ou até mesmo cruel com relação ao parceiro. Provável fascínio ou temor pela ideia da morte, física ou simbólica, o que pode levá-la a procurar conhecê-la pelo estudo da medicina ou do espiritismo.
Sagitário ou na Casa IX - As eventuais dificuldades sugeridas pela presença da Lilith nessa área referem-se principalmente às viagens ao Exterior e aos estudos superiores, sendo até mesmo possível que o indivíduo veja frustradas suas expectativas de fazer uma grande viagem ou concluir um curso universitário. Mas o conhecimento obtido por caminhos informais é freqüente e as viagens incomuns (astrais, por efeito de drogas, etc.) podem compensar seu ideal de expansão. Existe uma forte inclinação para a busca filosófica sem fim. Por outro lado, essa posição da Lilith favorece o acesso a um significativo conhecimento das misteriosas leis que regem a vida, a natureza.
Capricórnio ou na Casa X - Se, por um lado, pode haver uma expectativa frustrada de prestígio e status social, por outro, o indivíduo tende a empenhar-se com o maior afinco para realizar esse tipo de ideal. É comum essa posição da Lilith determinar uma disposição para sustentar uma imagem muito elaborada para o mundo e outra completamente diferente na intimidade. Uma grande quantidade de energia é investida na manutenção dessas duas personalidades. Essas pessoas tendem a ser pais ou mães possessivos e controladores, mesmo que ajam com delicadeza e muito boas intenções. Não permitem intromissão em suas relações íntimas ou familiares (um mundo secreto) - em alguns casos por se envergonharem de seu passado ou de seu presente familiar.
Aquário ou na Casa XI - Esses indivíduos tendem a mudar de grupo social com bastante freqüência. Sentem-se incompreendidos ou magoados por qualquer contrariedade advinda de seus amigos. São em geral críticos cáusticos dos mecanismos sociais de seu tempo. Preferem elaborar e alimentar a esperança de reequilibrar a sociedade a partir de um modelo pessoal. Podem ser idealistas românticos ou até mesmo rebeldes sem causa. Possuem grande perspicácia política e são compelidos interiormente a agir em benefício de seus semelhantes. Muitas vezes acabam mais atrapalhando do que melhorando a situação, pois podem apoiar-se em alguma inadequação interior ao interferir em algum processo. A amizade das crianças merece a sua mais verdadeira confiança, coisa difícil de acontecer com os adultos.
Peixes ou na Casa XII - Buscam o mágico e o místico em todas as coisas e nunca estão satisfeitos com suas conquistas no plano espiritual. Alguns indivíduos com a Lilith nessa posição negam e renegam qualquer realidade mística, comportando-se de maneira obsessivamente racionalista. Alguns possuem inclinação hipocondríaca. São em geral bastante talentosos. O medo de expor-se e de ferir-se, ou uma forte inclinação para fazer-se de vítima, poderá levá-los a perder grandes oportunidades de realizar seus sonhos.
Texto publicado na revista "Astrologia Hoje" e no livro "Manual de Astrologia Essêncial" - Ed. Ground
como servi-la?
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