segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O fim do reino de Corinto


Eates ou Aetes tinha herdado de seu pai o reino de Corinto, mas decidiu deixar sua terra e reinar na Cólquida entregando o reino de Corinto para Creonte. Eates casou com a terrível Hécate, deusa da magia e da noite, que enviava aos humanos os terrores noturnos e aparições de fantasmas. Também era conhecida por aparecer nas noites de lua nova com sua horrível matilha de cachorros fantasmas para assustar os viajantes.

Da união entre Eates e Hécate nasceu Medéia, que aprendeu todos os segredos da bruxaria e de todos os sortilégios. Quando Jasão foi à Colquida buscar o velocino de ouro que era protegido por dragões, Medéia que era hábil nas artes mágicas ajudou Jasão a recuperar o velocino de ouro, dando-lhe um óleo que tornava invulnerável seu corpo ao fogo e ao ferro durante um dia. Ao fugir da Cólquida, Medéia esquartejou seu próprio irmão e jogou os pedaços no mar para atrasar a perseguição de seu pai que teve de parar para recolher os restos de seu filho.

Medéia casou com Jasão e viveram em paz até que Creonte, o rei de Corinto, concebeu a ideia de casar sua filha Creusa com o herói dos argonautas. Jasão aceitou o enlace real e repudiou sua esposa Medéia, que foi banida do reino pelo próprio soberano. Implorando-lhe o prazo de um só dia, sob o pretexto de se despedir dos filhos, a feiticeira da Cólquida teve tempo suficiente para preparar a mortal represália.

Enlouquecida pelo ódio, pela dor e pela ingratidão do esposo, resolveu vingar-se tragicamente matando os próprios filhos e enviando à noiva de Jasão um sinistro presente de núpcias. Tratava-se de um manto bordado e de uma coroa de ouro, impregnados de poções mágicas e fatais. O objetivo de Medeia era destruir não só a noiva, mas também todos que a tocassem.

Muito vaidosa, Creusa recebeu os presentes sem hesitar e acrescentou um véu à coroa de ouro que em breve reluziria em sua fronte. Assim que a princesa se vestiu para o casamento e colocou a coroa, de imediato foi tomada por um fogo misterioso que começou a devorar-lhe. O rei Creonte correu em socorro à sua filha e também foi envolvido pelas chamas. Em pouco tempo, de todo o reino de Corinto só restou um monte de cinzas.

Do mito de Eates ou Aetes pode-se depreender como as escolhas que fazemos em nossa vida podem transformar não só o nosso futuro, mas também repercutir no destino de todos que convivem conosco. Todos os personagens envolvidos no mito fizeram suas escolhas movidos pela emoção, sem pensar nas consequências de seus atos e acabaram sendo consumidos pela falta de razão.

Desde os tempos da Grécia antiga, dizia-se que o ser humano era superior a outros animais por sua habilidade de racionalizar. O antigo filósofo Platão dizia que o homem deveria suprimir sua sensibilidade e emoções, pois elas impediriam que se pudesse agir racionalmente. Séculos depois o filósofo moderno René Descartes confirmava esse pensamento lançando sua famosa frase: Penso, logo existo!

Enquanto seres racionais, também somos seres emocionais por natureza. Como podemos viver e agir entre a razão e a emoção?

A emoção é livre e aflora em todos nós. É a alegria momentânea que nos fazem sorrir e a emoção que nos fazem chorar. A paixão faz o nosso mundo mais alegre e colorido. Por uma paixão a gente se arrisca, se expõe e encontra forças para tudo suportar, exceto o medo de perdê-la. Um coração apaixonado vê no outro o espelho da própria alma, o par perfeito e ideal projetado no outro. Vê no outro tudo o que deseja ser e apaixona por si mesmo na figura de outra pessoa.

A paixão é irracional, faz tudo pelo outro, abre mão de si pelo outro e perde a noção de perigo. Vai além dos limites, mesmo sabendo que está sendo irresponsável. Depois que a paixão arrefece, o que parecia ser perfeito torna-se um defeito. O perfume passa ser enjoativo, as dezenas de telefonemas passam a incomodar e já se começa a refletir sobre a contenção de gastos com o ser amado. A paixão é cega, mas a razão traz-lhe a visão.

A razão é a capacidade da mente humana de chegar a conclusões a partir de suposições ou premissas, sendo um dos meios pelos quais os seres racionais propõem razões ou explicações para causa e efeito. É a razão que nos permite raciocinar, compreender, ponderar, resolver problemas, formar conceitos e encontrar coerência entre pensamento, palavras e atitudes. A razão exige reflexão do que se sente de forma racional.

Se deixamos a razão falar mais alto, estaremos suprimindo o melhor que temos em nós mesmos. Viver sem emoção torna a vida fria, sem o prazer das coisas bobas da vida, como sorrir, chorar, sonhar, sofrer e amar. Viver a vida sempre com a razão não é uma vida propriamente vivida, porém quando deixamos o coração coordenar de modo irracional, acabamos agindo pelo impulso que pode nos levar a atos impensados. Fazer loucuras por amor pode ter um alto preço. É a razão que pode frear os nossos impulsos e dizer: " Aja com cautela e meça as consequências de seus atos..."

O ponto em que hoje estamos, são reflexos de decisões tomadas lá num passado distante e as decisões de hoje irão pesar em nosso futuro. Quando a razão e a emoção andam juntas, uma complementa a outra. Algumas vezes é saudável tirar os pés do chão, sonhar e deixar o pensamento voar, mas é preciso saber como e quando deve pousar...


FONTE; eventosmitologiagrega

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