terça-feira, 7 de janeiro de 2014

REVOLUÇÃO DA BRUXA


Que eu seja como a que tece o pano na floresta, profundamente escondida.Que eu possa fazer o meu trabalho sem interrupção.Que eu seja uma exilada, se é este o sacrifício.Que eu conheça a procissão sazonada do meu espírito e do meu corpo, e possa celebrar os quartos em cruz, solstícios e equinócios.

Que cada Lua Cheia me encontre a olhar para cima, nas árvores desenhadas no céu luminoso.Que eu possa acariciar flores selvagens, cobri-las com as mãos.Que eu possa libertá-las, sem apanhar nenhuma, para viver em abundância.Que meus amigos sejam da espécie que ama o silêncio.

Que sejamos inocentes e despretensiosos.Que eu seja capaz de gratidão.Que eu saiba ter recebido a alegria, como o leite materno.Que eu saiba isso como o meu cão, no ossos e no sangue.Que eu fale a verdade sobre a alegria e a dor, em canções que soem como o aroma do alecrim, como todo o dia e na antiguidade, erva forte da cozinha.Que eu não me incline e à auto-integridade e à auto-piedade.

Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da Terra e dos Círculos de pedra, como raposa, mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso.Que meu olhar seja direto e minha mão firme.Que minha porta se abra àqueles que habitam fora da riqueza, da fama e do privilégio.Que os que jamais andaram descalços não encontrem o caminho que chega à minha porta.Que se percam na nornada labiríntica.Que eles voltem.Que eu me sente ao lado do fogo para o que vier, e nunca tenha necessidade de advertir ou aconselhar, sem que me peçam.Que eu possa ter um simples banco de madeira, com verdadeiro rigozijo.Que o lugar onde habito seja como uma floresta.

Que haja caminhos e veredas para as cavernas e poços e árvores e flores, animais e pássaros, todos conhecidos e por mim reverenciados com amor.Que minha existência mude o mundo não mais nem menos do que o soprar do vento, ou o orgulhoso crescer das árvores.Por isso, eu jogo fora minha roupa.Que eu possa conservar a fé, sempre.Que jamais encontre desculpas para o oportunismo.Que eu saiba que não tenho opção, e assim mesmo escolha como a cantiga é feita, em alegria e com amor.Que eu faça a mesma escolha todos os dias, e de novo.Quando falhar, que eu me conceda perdão.Que eu dance nua, sem medo de enfrentar meu próprio reflexo.

FONTE: AUTOR DESCONHECIDO

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