segunda-feira, 12 de agosto de 2013

POEMA - ALKIMIA


Atenção, meu amor, que vou contar-te uma segredo
Tão antigo quanto a Terra em que pisamos e que floresce
E floresce em segredo, escondida na mesma Terra
Em que pisamos. Presta atenção, meu amor, ao segredo
Da chuva que se forma nos céus, e cai sobre a Terra
E a fertiliza. A Terra é o útero da vida, meu amor
Onde o Deus Sol esconde a semente de vida das plantas.
Estás escutando, meu amor? É segredo.

Há quem contamine a Terra para que não floresça
E que contamine os céus para que não envie a chuva.
Por isto é segredo, meu amor, a ser sussurrado
A ser guardado, a ser passado de ouvido a ouvido
De coração a coração, para que não pereça
Não esmoreça sobre a Terra Mãe que protegemos
Sobre a qual gememos em temor que se revele
O segredo tão antigo quanto ela, onde pisamos.

É segredo, meu amor. Segredo como a planta nasce
Da semente escondida sob a Terra. Segredo do homem
Que se forma de maneira incompreensível, indiscernível
Dentro do ventre materno, escondido, secreto.

Segredo é a formação do fogo. A constituição da água.
A fórmula que faz com que o ouro seja mais brilhante
Do que o carvão da Terra, de onde ambos saem
Assim como as plantas, o ferro, os rubis, a prata.
Tudo isto é segredo, meu amor. Não contes.
Mas o mundo gira, meu amor. O mundo roda em espiral
E de repente o homem crescendo no ventre materno
E a semente crescendo no ventre da Terra Mãe
Deixaram de ser segredo. A fórmula de todas as coisas
É res dominium omni, e o segredo, meu amor,
Se foi com o vento que sopra agora sobre os edifícios
Sobre homens e plantas produzidos em laboratórios
Sobre ovelhas clonadas, perfeitos golems científicos.

O segredo, meu amor, da Terra Mãe e do Deus Sol
Das lágrimas da chuva alimentando vida e morte
Não mais existe para que o guardemos, e o sussurremos
E dancemos em círculos em seu louvor.
Mas não importa. Fecha os olhos e vem, meu amor,
Que vou contar-te o verdadeiro segredo.

É mais antigo do que os edifícios que nos cercam
E do que os homens e as plantas produzidos em laboratórios
E do que as ovelhas clonadas como golems científicos.
Vou contar-te o segredo de como o amor nasce
E nasce escondido na Terra fértil do coração dos homens
Incompreensível, incomensurável, secreto.
Estás escutando, meu amor? É segredo.

Há quem contamine os corações, para que não floresçam
E que contamine os corpos, para que não estendam a mão.
Por isto é segredo, meu amor, a ser sussurrado
A ser guardado, a ser passado de ouvido a ouvido
De coração a coração, para que não pereça
Não esmoreça sobre a Terra Mãe que protegemos
Sobre a qual gememos em temor que se revele
O segredo tão antigo quanto ela, onde pisamos.
Que gera a vida
Além de toda possibilidade de conhecimento
Além de toda razão especulada pelo homem
Além do poder de toda razão especulada pelo homem
Além do poder de toda sua mágica.

Esse é o segredo, meu amor.

A energia por detrás de tudo

A força dentro do teu peito

O gesto na palma de tua mão.

Venha, meu amor.

Vou ensinar-te

O segredo.


Autora : Dalva Agne Lynch

2 comentários:

  1. Un poema estupendo y lleno de energía, precioso sin dudas!
    Gracias por compartirlo Selma, te dejo un fuerte abrazo, bella jornada!

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