terça-feira, 28 de agosto de 2012

POEMA - FACES OCULTAS DA DEUSA MÃE



Sob a luz me fiz nascer,
Deixando o casulo cósmico, voltei.

Refiz vestes e sonhos.
Busquei o amor e sonhei.
Amei e fui amada,
Desejei e fui desejada.

Voltei-me em vórtices contínuos
Transformei-me!
Pressenti a luz em mim,

Fecundei!
Pari as dores de ser.

Reparti cantos, danças e canções de ninar.
Embalei, contei histórias, falei da Deusa.
Da água, do fogo, do ar e da terra.

Arei, semeei e colhi.
Rompi barragens e deixei-me fluir.
Percebi minha serpente e minha águia.
Acalentei-as!

Percebi meus rios internos na cor de escarlate,
Abençoei-os!
Fertilizei meus sonhos,
Libertei minha liberdade, sem medos, sem bagagens.

Desbravei minha alma.
Busquei a luz!
Refiz mapas, tracei metas, divaguei em trilhas.
Fiz-me mulher!

Hoje, aquieto-me sob brumas.
Serenamente me entrego,
Num sopro ardente e de ardor lunático .

E ela, a Lua, arde em mim.
Vibra, sopra segredos envolventes.
Sinto-me estrela.
Sinto-me cúmplice do universo.

Bebo o vinho da noite em celebração.
Reparto o pão doando a vida.

E um dia, então, ela, a Lua
Cobrirá meus negros cabelos de branca luz´.

E neste exato momento serei apenas um ponto, 
Uma partícula a confundir-se com 
Uma estrela no leito celeste.

Poema de - Graça Azevedo/ Senhora Telucama –

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