terça-feira, 18 de junho de 2013

Neblina do Tempo: Religiões tribais.


O homem primitivo, principalmente por proteção, começa a passar mais tempo em grupo. E nesses grupos primitivos começam a surgir "afinidades" que vão manter alguns membros juntos, enquanto que outros vão buscar grupos nos quais se "encaixem". Essas afinidades foram o esboço do que virão a ser as tribos.

Já fazem parte dessas equipes figuras humanas que provavelmente eram consideradas "diferentes" pelos outros membros e que, posteriormente, serão os Xamãs, Pajés, Homens-santos ou sacerdotes das tribos.

Estes são mulheres e/ou homens que não temem os fenômenos da natureza e agem quase que por pura intuição. Geralmente ficam um pouco afastados dos outros membros do grupo, como se fizessem, e ao mesmo tempo, não fizessem parte do grupo, pois procuram observar a natureza para aprender o que ela tem a ensinar.

Quando esses grupos se tornam mais organizados, por assim dizer, a figura do/da sacerdote (sacerdotisa) se torna mais importante e influente, pois passa a fazer previsões sobre uma caçada, sobre o tempo, curar e entrar em contato com os ancestrais da tribo. A religião tribal vai girar toda em torno dessa/desse sacerdotisa/sacerdote, em alguns casos sua palavra é ainda mais procurada do que a do chefe tribal, pois esse também pede conselhos à ele/a.

Assim como cada pessoa é diferente uma da outra, isso também ocorre entre as tribos, religiosidade e também na figura desse líder religioso. Em algumas tribos o conhecimento é passado para um jovem, escolhido por determinadas características, para substituir o sacerdote atual de quem obtém o aprendizado. Em outras o/a jovem recebe um chamado e se isola da tribo por um determinado tempo, e se, quando retorna, tendo passado pelos "testes", já é aceito pela tribo como novo/a sacerdote.

Provavelmente nessa época começaram a surgir a primeiras "artes divinatórias", através da observação do voo das aves, do cair da folhas, de desenhos formados na areia, da maneira como a fumaça se eleva, pegadas (rastros) de animais, posição de pedras, fenômenos naturais, da entranha de animais, possivelmente com pinturas em cavernas, entre várias outras outras formas de divinação que utilizam a natureza (todas essas formas ainda podem ser utilizadas por qualquer um nos dias de hoje).

Alguns elementos oraculares também devem ter surgido na época primitiva, como a utilização de gravetos, ossos, conchas e areia para entrar em contato com o futuro.

Através de estudos atuais sabe-se que vários grupos tribais espalhados pelo mundo fazem uso da utilização de plantas para entrar em transe e, dessa forma, penetrar no mundo espiritual, seja através da mastigação de folhas, raízes, casca ou caule; através da infusão de alguns desses elementos, ou mesmo queimando-os para a inalação ou o fumo.

Apesar do contato com algumas tribos que ainda mantém seus costumes inalterados, não há como precisar quando, como ou porque esses povos começaram a utilizar as ervas para divinação e contato com o mundo espiritual.

Algumas de suas lendas e mitos nos falam que Deuses, animais ou espíritos ensinaram aos homens a usar as plantas para cura, divinação e contato com o mundo espiritual.

Mas, mesmo assim, não há como precisar o inicio dessas utilizações ou como eles sabiam quais plantas usar e a utilidade de cada uma, ou seja, qual servia para divinação, qual era melhor pra curar determinada doença, etc.

Cabe apenas ao sacerdote tribal as artes divinatórias e contato com o mundo espiritual. Quando um/uma jovem da tribo aparenta ter esse tipo de conhecimento ele(a) é levado(a) até o sacerdote que, ou irá transformá-lo/la em aprendiz, após uma observação para saber saber se o/a jovem realmente tem dons, ou se está doente ou possuído/a. Dependendo da cultura tribal, esse jovem será mandado/a para a floresta aonde terá de sobreviver e aprender com os espíritos e animais, depois retornar para a tribo e posteriormente assumir seu lugar como sacerdote/sacerdotisa.

A religião é importante para a manutenção da tribo como um todo, pois a sacerdotisa/sacerdote não é só um curandeiro, conselheiro ou em alguns casos também juiz, é ele que guarda o conhecimento, as histórias e memória da tribo para que os membros não esqueçam quem são e de onde vieram.
fonte: Denis Lefay

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